domingo, 20 de novembro de 2011

CORDISBURGO (DIAS 23 E 24)

Cordisburgo é uma cidadezinha muito gostosa. Pacata, pacata... Tranquila que é uma beleza! As pessoas, sempre simpáticas, eram as mesmas toda hora. Encontrávamos com elas num lugar e, meia hora depois, quando estávamos em outro lugar completamente diferente, lá estavam elas de novo! rs


Nosso hotel ficava no point da cidade! Era na nossa rua, a mais movimentada de todas, que paravam os ônibus de viagem e que se encontrava a antiga estação de trem (que ainda funciona para trens de carga). Ali também estavam os restaurantes, bares e a boate da cidade! Sim, mesmo com os seus poucos habitantes (menos de 25 mil), nos fins de semana há onde mexer o esqueleto em Cordisburgo! rs Basta ir para a boate Emin! Mas apenas maiores de 14 anos, hein?! rs



E sabe o que mais descobrimos sobre Cordisburgo? Descobrimos que uma figura importantíssima da nossa literatura nasceu lá! Sabe quem? João Guimarães Rosa!!! Pois é, isso para nós foi novidade! Depois de muitas aulas sobre literatura brasileira, foi muito bom pisar a terra de um dos seus grandes nomes. Não só visitamos a casa dele (ali mesmo na rua do nosso hotel), como ficamos sabendo que uma de suas grandes obras, Grande sertão veredas, foi inspirado numa viagem de dez dias que Guimarães Rosa fez pelo sertão mineiro. 




Contaram para a gente que a venda de seus pais era conhecida como “secos e molhados” porque vendia de quase tudo, e também que João tinha o costume de ficar agachado atrás do balcão ouvindo as histórias de cada viajante que passava por lá. Ele se inspirava nessas histórias para criar as suas próprias e espalhá-las pelo mundo.



Não é à toa que há citações suas em diversos lugares da cidade. Alguns restaurantes, inclusive, tem o nome em homenagem a ele, tal como o Restaurante Sarapalha, onde a gente almoçou 2 vezes. Comida caseira muito gostosa e super em conta! Você come a vontade, com apenas 1 pedaço de carne (um pedaço grande!), por R$8. Teve um dia que Monique e eu dividimos um prato e aí o almoço saiu por R$8 para as duas! Imagina que beleza! Comer bastante, barato e ainda lendo trechos da obra de Guimarães! Uma gostosura só!!! 

Lembro-me de ter lido um de seus livros há um tempinho atrás chamado Primeiras Histórias. Era um livro de contos. Um conto em especial chamou bastante a minha atenção. Ele falava sobre a terceira margem do rio. A princípio soa estranho, né? Terceira margem?!? Mas com a leitura e um pouquinho de poesia dentro de si (essa é crédito de um professor querido que tivemos!), você acaba percebendo que essa terceira margem vai além daquilo que a nossa superficialidade inicial compreende. A história é mais ou menos assim: o pai de uma família constrói uma canoa e diz que vai viver na terceira margem do rio. Todos acham que ele está louco, mas ele, firme e coerente, faz o que afirmou que ia fazer. O tempo passa, algumas coisas acontecem e ele continua convicto de que fez a coisa certa, enquanto que todas as outras pessoas presentes nas duas margens do rio vão percebendo a vida como um simples “demoramento”. Bem, não vou entrar muito em detalhes aqui e nem fazer uma análise pessoal do conto. Fica a dica para quem quiser se aventurar pelas palavras e se arriscar num texto que, talvez, possibilite compreender a vida de uma outra forma.

Mas por falar em pai, adivinhem quem chegou em Cordisburgo para nos visitar? É!!! Meu pai!!! Aproveitou o feriadão e veio direto para Minas se encontrar com a gente! Chegou no dia de número 24 da nossa viagem, com o pé mancando porque tinha sofrido um acidente na Central do Brasil: seu pé havia caído no vão entre o trem e a plataforma. Quando vi, logo falei: 

- Mas, papai, que falta de atenção! - e ele respondeu:

- Não foi falta de atenção, não! A culpa foi dos animais!

Eu, curiosa sobre o fato de haver animais na Central do Brasil, perguntei:

- Que animais?!?!

- Os animais humanos, ué!!!

Ahahahahaa!!! Quem conhece o estado do trem na hora do rush já entendeu logo de cara. Mas fica aí, então, a lição para quem costuma pegar o trem nesse horário (ou em qualquer outro horário, pelo amor de deus!): “não faça valer a lei da selva no trem da Central, ok?”.

Mas voltando ao que eu dizia, meu pai veio se encontrar com a gente em Cordisburgo e é óbvio que acabamos voltando à Gruta do Maquiné para levá-lo. Dessa vez, tomamos aquele ônibus de 11 da manhã devido às condições físicas do Roninha. rs


De tarde, passeamos pela pracinha que tem um monumento em homenagem à obra Grande Sertão Veredas e pelo zoológico de pedra da cidade, que possui réplicas dos animais cujos fósseis foram encontrados na região. 




Nosso encontro com o monumento à obra de Guimarães Rosa foi engraçado devido a um detalhe. Assim que avistamos as estátuas dos homens montados a cavalo, não pensei duas vezes: “vamos sentar na garupa!”. Sentamos nos cavalos e tiramos várias fotos (sim, eu cheguei à conclusão de que eu adoro subir em monumentos!!! rs)! Depois da nossa festa, depois que já tínhamos subido em tudo e já estávamos mortas de tanto rir, descemos e o que encontramos?! Váááárias placas dizendo que não era para subir nos monumentos!!! Ahahahahahaha!!! Eram várias placas espalhadas por ali e nós não vimos nenhuma delas! rs Chegamos tão empolgadas com o lugar, que nem prestamos atenção a mais nada! Bem, mas não foi por mal! Juro! rs







Na volta, ainda tivemos uma surpresa! Bem na hora que estávamos atravessando a linha do trem, o que a gente escuta? PIUÍÍÍÍÍÍÍ!!!! Gente, ERA O TREM!!! Eu nunca cruzei a linha do trem bem na hora que ele estava passando por ela!! Que aventura!!! Muito muito muito legal!!! Atravessamos todos correndo, meu pai mancando e morrendo de medo do cadarço ficar preso nos trilhos! Emocionante! Todo mundo precisa sentir essa sensação um dia! rs


Cordisburgo definitivamente vai ficar marcado para sempre! Gostamos muito do lugar!


Até a próxima, gente!!!

3 comentários:

  1. Ah! Esquecemos de falar que como ficamos 3 noites no hotel, o Renê deixou o Ronald ficar no nosso quarto por cortesia da casa! Sujeito muito bacana!

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  2. Depois de deixá-las na rodoviária Novo Rio, o reencontro em Cordisburgo foi reconfortante. Além disso, matei um antigo sonho de conhecer a gruta de Maquiné, com o educado guia José Luis. Foram gostosos os dias aí. E de lambuja aprofundei um pouco mais na vida de Guimarães Rosa. Muito bem, meninas. Do Onal.

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  3. E estamos a disposição, caso queiram adquirir um imóvel em Cordisburgo. Será um grande prazer compartilharmos o que há de melhor na nossa cidade. Acesse: www.benildocorretordeimoveis.com.br.

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