PEDRO LEOPOLDO (DIAS 21 E 22)

Saímos de Lafaiete e pegamos o ônibus até a rodoviária de BH. Nosso próximo destino era Pedro Leopoldo, cidade de aproximadamente 70 mil habitantes. De ônibus comum, aqui chamado lotação, custando R$5,05 a passagem, levamos uma hora até lá.

Nessa cidade, Chico Xavier, médium famoso, nasceu e passou grande parte da vida, até se mudar para Uberaba. Descobrimos também que lá começava o Circuito das Grutas e ficamos animadas.

Chegamos à cidade e procuramos onde ficar. Na cidade só existem dois hotéis, o Tupyguá e o Castilho. O primeiro tem uma aparência mais elegante e provavelmente mais caro. Não ficamos sabendo o preço porque não havia vagas. O segundo (Rua Com. Antônio Alves, número 390.  Fone: (31) 3661-1149) custou 82 reais o quarto com 2 camas de solteiro, TV, ventilador, toalha e sabonete e banheiro coletivo. Ah! Tinha wi-fi e café da manhã incluído. Não era o pretendido para nosso orçamento, definitivamente. Mas não tínhamos outra opção senão a praça!rs  Os atendentes não souberam dar informações sobre nada que perguntamos da cidade.

Chegamos lá por volta de 11:30h, deixamos as mochilas e fomos em busca das grutas! A cada pessoa que perguntávamos era uma decepção...rs Ninguém sabia nada! Almoçamos num restaurante na rua principal, a mesma do hotel, e lá também não souberam nos informar. Nosso almoço foi bom! Self-service com comida gostosa. Gastamos R$15,90 juntas. Ainda estávamos muito mal acostumadas com os mimos e comidas gostosas da Tia Beatriz.

Andando pela cidade em busca de informações, conhecemos a Praça que tinha o busto de Chico Xavier, próxima a rodoviária. E ali descobrimos a Prefeitura! Ahaaa!! Informação garantida, pensei eu! Se ninguém sabe das coisas por aqui, na prefeitura eles têm que saber! Dei a ideia para Kel e ela começou a rir! Achou que eu era louca de entrar na prefeitura para tentar ganhar um mapa da cidade, saber como chegar às grutas, conhecer o roteiro de Chico Xavier, essas coisas. Me disse que Prefeitura não era Centro de informações turísticas!hehe Como para mim isso era super normal, puxei a portinha meio emperrada e entramos. Perguntamos a primeira funcionária que encontramos. Ela disse que não sabia. hahaha Que droga! Nem na prefeitura!rs Mas ela nos indicou a Tânia da Cultura  no Centro de Referência, que ficava a uns 6 quarteirões dali.

Pelo caminho, encontramos uma escola, Escola Estadual São José. Muito bonitinha! Como a Kel achou que era a que Chico Xavier havia estudado, resolvemos perguntar! Entramos e logo perguntamos pro senhor que estava na entrada. “Oi moço! Essa aqui é a escola que Chico estudou?”  Pra variar, ele nos olhou pensativo e disse “Ih...não sei, fia! Pergunta lá dentro.” rs Perguntamos ao inspetor sentado a porta. “Oi moço! Foi aqui que Chico Xavier estudou?”  Ele, intrigado com a pergunta, responde: “Foi? Não sei! Foi, fulana?”  E a senhora que estava passando lá dentro confirmou, finalmente!  Era aquela a escola! Ufa! hahaha Definitivamente, conseguir informação naquela cidade não era fácil!

No Centro de Referência encontramos a Tânia da Cultura e o Mizael. Eles também não sabiam muita coisa, porque na verdade não eram os responsáveis pelo turismo, mas nos ajudaram muuuito! Ligaram para todos os lugares que queríamos ir, nos indicaram o Seu Geraldo, do Arquivo da Cidade, enfim, fizeram de tudo para nos ajudar. E conseguiram!

Fomos primeiro a casa de Chico Xavier quando adulto (Rua Pedro J. Silva). Vimos a porta fechada e de cara vi um interfone. Eu , que já adoro apertar interfones, fui logo com o dedinho na direção. E então lemos a mensagem, beeem direta: “ESTE INTERFONE NÃO É DA CASA DE CHICO XAVIER”  hahahaha Coitada da pessoa! Devia estar cheia de tantos visitantes errando a campainha. Voltamos lá só no dia seguinte. Muito legal, com várias informações sobre ele, banheiro e quartos conservados.

Visitamos também o Centro Espírita Luiz Gonzaga (rua em frente à igreja matriz da cidade), fundado por Chico Xavier na antiga casa dele, onde nasceu. Esse Luiz Gonzaga não é o do forró não, ta?rs Era um amigo muito querido a quem ele resolveu fazer homenagem. Nós precisamos pagar o mico de perguntar se o forrozeiro Luiz Gonzaga foi amigo de Chico Xavier!haha

E fomos também ao Museu da Unimed (Rua Comendador Antônio Alves, número 186) cheio de fotos e documentos do médium.

Depois fomos ao Arquivo da Cidade (Rua Nossa Senhora da Saúde, número 71 A), o Arquivo Geraldo Leão, próximo a antiga Fábrica de tecidos,  motivo do surgimento da cidade. Seu Geraldo, um senhor com seus 75 anos, muito dedicado e comprometido com a missão de preservar a memória da cidade, era muito simpático! Mostrou-nos todo seu trabalho, contando-nos a história da cidade até ali. Uma das coisas que mais nos impressionou foi a desvalorização atual da cultura na cidade. Ele nos disse que Pedro Leopoldo já teve Jóquei Clube, cinema, grupo teatral, orquestra, entre outros. E nada disso fora conservado.

Nos contou a história dos Bexiguentos que era mais ou menos assim: há bastante tempo estava tendo surto de uma doença que estava matando muitas pessoas da cidade. A doença era conhecida como Bexiga, mas hoje já se sabe que era a varíola. Na intenção de não contaminar mais moradores, criaram um cemitério especial para os escravos que estavam doentes e os enterraram semi-vivos lá. Então o surto acabou. A população, depois disso, considerou o fato como milagre, no qual os escravos pagaram o mal que fizeram a eles com o bem, e por essa razão muitos se tornaram devotos das milagrosas almas dos bexiguentos. E sempre vão ao local em que eles estão enterrados para fazer preces, pedidos e  acender velas, principalmente às segundas-feiras. Uma senhora, como agradecimento por uma graça alcançada providenciou a construção de uma capela no local.

Lá perto fica o Açude do Capão, onde Chico Xavier teve o primeiro contato com Emmanuel, seu guia. Tentamos conhecer, mas nos disseram estar perigoso, com pessoas usando drogas por lá. Além de já estar poluído o rio. Então, na volta para a cidade, estávamos caminhando pela estradinha de terra e pretendíamos ir para a Fazenda Modelo, que era do outro lado da cidade. Bem longinho. Uma caminhonete branca pára e o casal que estava dentro nos pergunta se queríamos carona até a cidade. Fui a primeira a aceitar, já pensando que a Nina (mãe da Rachel, a quem prometi não pegar carona) iria me matar! Mas tenho justificativa!rs O casal estava vindo da missa dos bexiguentos, dentro do carro haviam vários adesivos de Jesus, e eles eram humildes e simpáticos. Só por isso, ta?

Coincidentemente e felizmente eles estavam indo pegar o filho na escola, que ficava ao lado da Fazenda Modelo! Olha que beleza!  Descemos lá e passeamos, tirando foto com as vaquinhas. rsrs

No dia seguinte acordamos bem cedinho e fomos para a Gruta da Lapinha. Existem poucos horários de ônibus para Lapinha. E tínhamos que estar de volta ao hotel até meio dia, quando vencia nossa diária. Caríssima! O primeiro passa às 5h. Não dava para tomar o café do hotel. O segundo só às 9h. Por isso tivemos que pegar um até Lagoa Santa (custou R$7,50) e de lá pegar outro até Lapinha (custou R$5,00). Do ponto de ônibus de Lapinha até o Parque do Sumidouro, onde fica a gruta, andamos 1,5km. A entrada custa R$10 a inteira. Além da gruta da Lapinha, o Parque tem outras atrações, mas não conhecemos.

Colocamos nossos capacetes e fomos para a aventura! O guia Ronaldo nos explicou bastante coisa antes de entrarmos.  Falou que a gruta data de 1 milhão e meio de anos e que provavelmente aquele lugar já foi um oceano. Existem vestígios de mar na gruta.  Toda ela foi formada pela ação da água nas rochas. Ele nos disse, mostrando as paredes, “Vocês não conhecem aquele ditado? Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura!” E o resultado é simplesmente MAGNÍFICO! LINDO DEMAIS! Eu fiquei completamente embasbacada olhando tudo aquilo! Descemos a uns 40m de profundidade em meio a esculturas brilhantes e coloridas minimamente desenhadas. Riquíssima em detalhes perfeitos, pequenos e grandes. Nunca vi coisa tão bem criada, desenhada... Como dizem os mineiros, “Nó!!”  Lindo demais! Contando assim, e até mesmo por foto, acho que não dá pra descrever a beleza e a sensação de estar num lugar que se não fossem as luzes, seria totalmente escuro! Escondendo tanta beleza! Debaixo das pedras, dentro da montanha. Só um buraquinho a vista e de repente um mundo desconhecido. Incrivelmente lindo! É mágico! Como a natureza é perfeita! As estalagmites e as estalactites são formadas por gotículas de água da chuva que infiltradas na rocha sedimentar vêm carregando minerais. Pra cada milímetro ser formado se leva apenas de 25 a 30 anos!!!!  Existem gigantescos!! Quantos milhões de anos para todos terem sido formados? Gente... Indescritível! Só indo para saber.

Bom, depois ainda almoçamos as fatias restantes da pizza que comemos no dia anterior, para economizar o almoço. hehe E voltamos para o hotel, atrasadas. Mas conseguimos não pagar a diária.

Ah! No caminho para o hotel passamos pela Quinta do Sumidouro, um dos primeiros povoados de Minas Gerais, a 6km da Lapinha (poucos horários de ônibus. É bom verificar os horários antes ou se preparar para uma boa caminhada).

Conhecemos a casa de Fernão Dias, um dos bandeirantes mais renomados de nosso país. Ele utilizou essa casa enquanto procurava por pedras preciosas e ouro na região.

A seguir, cenas dos próximos capítulos:

Beijooos!