segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

PUERTO QUIJARRO – BOLÍVIA (DIA 55)

Depois de uma noite bem dormida, fomos conhecer a cidade. Puerto Quijarro é bem quente e, pelo menos a parte que conhecemos, não é bonita.


Ali mesmo nos deparamos com a imensa pobreza, tão falada da Bolívia. A cidade é muito pobre. Com ruas de terra (mesmo as asfaltadas ficam cheias de terra), casinhas muito simples, comércio tão simplório quanto o restante da cidade. Um monte de crianças pelas ruas, com ou sem suas mães, pedindo moedas e comida. Dói o coração. E elas são lindas! Nunca vi crianças tão lindas quanto as bolivianas! Tão triste ver aquilo!


Pesquisando sobre a Bolívia ficamos sabendo que a população é formada por indígenas, europeus e mestiços, basicamente. Quase dois terços da população é indígena, de dois grupos diferentes e com línguas distintas: o Quéchua e o Aimara. Os indígenas do grupo Quéchua podem ser encontrados por todo o país. E os do grupo Aimara se encontram na região de La Paz. Os mestiços são os filhos de espanhóis e índios, e constituem boa parte da classe média boliviana. E os europeus são os descendentes dos espanhóis.

Apesar dos indígenas formarem a maior parte da população, e seus idiomas serem oficiais no país, formam a classe pobre e discriminada da Bolívia. Enquanto os descendentes de espanhóis formam a classe rica.

Existem também minorias formadas por descendentes de imigrantes asiáticos e escravos africanos. E os menonitas, comunidade de descendência germânica, protestante, que usa trajes peculiares. Vivem nos arrredores de Santa Cruz de La Sierra.

Em Puerto Quijarro, o que mais víamos eram pessoas com características indígenas. E muito pobres!

Procuramos algum lugar para tomar café da manhã, já que domingo o restaurante do hotel não funciona. Eu, como sempre looouca de fome!

Já haviam nos dito que na Bolívia tudo é pollo (frango) e papas (batatas). Mas eu estava esperançosa em achar meu leite com toddy, pãozinho... rs Doce ilusão! Percorremos parte da cidade e só o que achamos foram barraquinhas na rua, com algumas mesinhas, vendendo empanadas (também chamadas salteñas) de pollo com papas! É como um pastel de forno, com uma massa meio docinha, bem gostoso. E para beber, uns líquidos que nos pareceram esquisitos e gaseosas (refrigerantes). Foi o que tivemos que comer. Empanadas e gaseosas!


Começou a minha “experiência contra frescura alimentar”! Eu já havia vencido a do banho frio. (Uhuuul!) Agora teria que aprender a ficar feliz com qualquer comida e me desvencilhar do leite de todo dia.


Ah!! Não esperem uma higiene impecável nos lugares onde vão comer por aqui. Ou você não come. Sente-se numa cadeirinha na calçada e faça parte da cultura. Aquela ali não é nem a alimentação matinal tradicional. Vimos cafés da manhã que eram verdadeiros pratos de comida!

E outra coisa, dizem que “marmitex” aqui na Bolívia é o prato de comida virado num saco plástico. E a gente viu uns caras passando com sacos cheios de comida, tudo misturado. Huum, que “delícia”! rs

Bom, era o dia de pegar o trem. Esse trem sai de Puerto Quijarro e vai até Santa Cruz de La Sierra, uma das maiores cidades da Bolívia. Essa viagem é muito conhecida por percorrer um trajeto longo, passando por inúmeras cidadezinhas. Existem algumas categorias de trens com classes diferentes.


O Ferrobus, da classe cama ou semicama, é o mais caro e o mais confortável. Possui televisão, ar condicionado, bancos bem reclináveis, refeição mais sofisticada. O Expresso Oriental, com classe Súper Pullman, é o segundo melhor. Com cadeiras reclináveis, ar condicionado, televisão e uma refeição tradicional. E existe o trem Regional, com as classes Pullman e Primera.


Não se deixem enganar com o nome! rs Essa Primera classe é o famoso trem da morte. Para quem quiser saber os horários, preços e dias certos das saídas de trens, o quadro abaixo tem todas as informações. E existe o site da Ferroviaria Oriental : www.fo.com.bo


O trem da morte é o mais antigo. É conhecido assim porque é o mais barato, sem conforto, sem ar condicionado. Dizem que é o trem em que as pessoas costumam levar galinhas e outros animais vivos. É o trem que vai o povão. E o que demora mais a chegar em Santa Cruz, pois vai parando em todas as cidades. Sai às 11h de Puerto Quijarro e chega em Santa Cruz às 6:38h do dia seguinte! Imaginem a aventura!!!!hahaha


Era esse o trem que queríamos tomar! Mas infelizmente, domingo só havia o Expresso Oriental, classe Súper Pullman, com saída às 16h.


Decidimos que iríamos até San José de Chiquitos, uma cidadezinha conhecida por suas construções ainda bem conservadas deixadas pelas missões jesuíticas. Dessa forma podíamos conhecer outra cidade turística da Bolívia e pegar o trem da morte depois, indo para Santa Cruz.

A passagem até San José custou Bs108 e o trem chega na cidade às 2h da manhã do outro dia.

Pegamos um táxi próximo ao hotel até a estação ferroviária por Bs5 cada uma. A bilheteria só começa a vender as passagens às 14h no domingo. Então, fomos almoçar.

O único restaurante encontrado, numa rua bem próxima a estação, só servia prato feito. Na verdade, não era bem um restaurante... rs Era um galpão, com mesas na calçada. E o preço do almoço é excelente! Dividimos um prato que nos custou Bs 12.

Voltamos para a estação e ficamos nos banquinhos aguardando a hora de comprar os bilhetes. Às duas em ponto, pudemos comprar nossas passagens e logo depois, às quatro da tarde, embarcamos no trem.


Nosso trem era ótimo! Ar condicionado, cadeiras reclináveis e TV. Além de ter um funcionário do trem que era uma simpatia! Toda hora vinha fazer uma piadinha e ainda colocou no DVD músicas brasileiras. O samba do Ronaldinho e Banda Djavú com o sucesso o “O que pensa que eu sou” foram os hits mais cotados da viagem!hauhauha  Sem contar que ouvimos milhares de músicas folclóricas de Santa Cruz de La Sierra! rs


Deu para assistir os filmes “Pânico na neve” e “O menino do pijama listrado” inteirinhos antes de começar a dormir.


Gente, mas temos que contar para vocês sobre a alimentação no trem. rs Esse que pegamos dá refeição. Pois bem, não espere que venha alguém te servir bonitinho, passando de assento a assento. Muito pelo contrário. Passa um cara uniformizado, com uma bandeja cheia de marmitas de plástico com arroz, frango assado e batata, gritando pelo corredor: “Pollo! Pollo! Pollo!”  haha Gente, dá vontade de gargalhar! O cara passa correndo praticamente gritando “frango! frango!” Se você quiser tem que gritar também: “O do pollo!!!! Pára aqui!!!!” hauhauha


Nos divertimos nessa viagem até San Jose de Chiquitos!




                                    

3 comentários:

  1. Pouco sofisticada, mas parece que a viagem foi muito divertida, né?

    Sucesso pra ti. Vou ficar de olho em suas postagens.

    Achei seu blog porque estava procurando características sobre a Bolívia, talvez eu vá à Corumbá, daí vale a pena visitar Bolívia.

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  2. eu gosto de ler essas aventuras,é muito legal a coragem que vcs tem d de sair assim no mundo,conhecendo coisas novas.facinante

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